"Eu acordei com a ligação da minha sobrinha hoje. Ela ligou para contar que finalmente tinha uma resposta para a fatídica eterna questão "o que você quer ser quando crescer". Ela queria fazer videogames. Isso realmente não me surpreendeu - ela sempre foi perita em resumir games complexos em umas poucas palavras. O que sim me surpreendeu foi minha incapacidade de voltar a dormir depois da ligação. Eu deitei e continuei acordada, pensando sobre sua escolha da futura carreira, sobre como as coisas são hoje e sobre o quanto eu gostaria de mudá-las para ela. Eu então levantei e escrevi esta carta.
[Texto original de Stacey Mulcahy - @bitchwhocodes. Adaptado do original em inglês por Mariel Zasso]
Querida sobrinha - em seu 8º aniversário,
Como uma futura mulher da TI, eu desejo para você muito mais do que eu mesma posso articular. Felizmente, o mundo terá mudado quando você estiver pronta para tomá-lo com suas próprias mãos. Se esse não for o caso, aqui está o meu desejo para você, para cada jovem mulher, e para a área de TI.
Eu espero que caso alguém resolva lançar um adjetivo à frente de seu cargo, que esse seja sobre suas qualificações - não sobre seu gênero.
Eu espero que você nunca precise desenvolver uma "carcaça dura". Você é sensível e contemplativa e amável - o preço de entrar no mercado não deve comprometer quem você é.
Eu espero que você nunca conheça os termos "clube do bolinha" ou "só para cuecas", e mais do que isso, que você nunca venha a usá-los.
Eu espero que ser uma desenvolvedora deixe de ser uma coisa nova.
Eu espero que você frequente conferências e se pegue reclamando das longas filas no banheiro.
Eu espero que você nunca precise ver aquela cara de espanto quando as pessoas descobrem que você é uma desenvolvedora. Mais do que isso, eu espero que você nunca tenha que ouvir alguém dizer com desdém "ah, legal."
Eu espero que quando você for a uma reunião cuja a maioria sejam homens, que nunca perguntem porque você não está anotando a ata. Eu espero que você diga mais vezes "dane-se!" do que "tudo bem, não foi nada".
Eu espero que você fale sobre sua especialidade. E quando o fizer, que as pessoas não usem alguma espécie de mídia social para apontar particularidades do seu corpo. O único corpo na tela é o corpo do seu trabalho.
Eu espero que suas habilidades estejam sempre em maior conta que seu gênero - se você não tem habilidades, você não deve fazer parte da discussão, e seu sexo é simplesmente um predicado.
Eu espero que quando você lutar pelo que quer e trabalhar duro por isso, sua ambição não seja criticada como agressividade.
Eu espero que quando você disser o que pensa, seja considerada uma colaboradora, e não uma "vaca".
Eu espero que ninguém nunca diga para você "lidar com isso", "relaxar" ou "pegar leve" porque você se recusou a rir de algo que simplesmente não tem graça.
Eu espero que suas interações iniciais envolvam uma imediata prova de confiança em suas habilidades, ao contrário de você ter que constantemente começar de novo provando que sim, você é capaz.
Eu espero que você nunca tenha que brigar por igualdade de salários. E se você precisar, eu espero que você nunca precise escorraçar alguém por algo que é legitimamente seu.
Eu espero que você nunca ouça um colega destratando outro descrevendo seu corpo antes de sua competência.
Eu espero que você tenha tanta sorte quanto eu, trabalhando com pessoas respeitosas, encorajadoras e inspiradoras. Que encontre pessoas interessadas em te levantar em lugar de mantê-la para baixo.
Haverá pessoas generosas e apoiadoras em sua área. Que você tenha a sorte de fazer essas conexões e mantê-las perto. Elas te definirão de maneira que você nem pode imaginar.
Paixão é contagiosa. Eu espero que você se permita ser inspirada, mas também inspirar. Seu trabalho falará por você, se você permitir.
Traduzido por Mariel Zasso e Enviado por Hayddé Svab